Quem somos

Quem somos? Somos muitos, democratas de esquerda convictos e consequentes, cidadãos motivados para uma intervenção activa na vida da sociedade, na promoção dos direitos das pessoas, das comunidades e dos povos em harmonia com o ambiente e a vida no planeta Terra. Assumimos a nossa quota parte de responsabilidade individual e colectiva contribuindo para a transformação da actual sociedade de glorificação da competição, do espetáculo, do consumo e do desperdício, da destruição de equilíbrios naturais, da desigualdade, da conquista, do poder e do domínio sobre os outros, de coação unipolar. A História não se encerra com o sistema em que atualmente vivemos. Há que ir sempre desbravando o caminho para um novo mundo, o de ”uma sociedade mais colaborativa, solidária, livre e justa”. 

Aceitamos que este lema pode ser vago e nele caberem visões contraditórias, mas ele contém os elementos para uma ação comum e transformadora, atraindo pessoas com variadas conceções de justiça social, progressismo e solidariedade na ação. À partida, não apontamos caminhos. Eles serão traçados em conjunto pelos que aderirem a este movimento.

Não apontamos caminhos, mas definimos o que julgamos serem os cinco pilares essenciais de reflexão e ação para a construção desses caminhos e que abrangem as questões essenciais que hoje se colocam como fatores de uma luta moderna pelo ideal de sempre de uma nova sociedade:
— a democracia participativa,
— o serviço público,
— o combate à ideologia neoliberal,
— uma comunicação social plural, rigorosa, transparente e verdadeira,
—a cooperação mundial na paz.

Como aparecemos? Desde há muito que se reune regularmente e promove muitas iniciativas um núcleo da área de Cascais-Oeiras da Associação 25 de Abril, incluindo militares e civis, que nasceu aquando das comemorações do 40º aniversario do 25 de Abril  com a ideia de abertura à sociedade e de alargamento a todos os que desejassem participar no terreno na concretização dos ideais de Abril. Uma das iniciativas lançadas, há dois anos, foi a tentativa de criação de um novo órgão de comunicação social, considerado como um instrumento essencial contra a desinformação e a manipulação ideológica que domina a nossa comunicação social. Constituiu-se uma rede por todo o país de grupos interessados, envolvendo centenas de pessoas mas o projeto não teve condições materiais para prosseguir.

Entretanto, esses grupos tinham promovido algumas iniciativas colaterais, de debate cívico e político, e adquirindo experiência nas formas de comunicação em rede a que a pandemia obrigou. O movimento ultrapassou em muito o núcleo inicial, de que se autonomizou. Pôs-se a pergunta clássica. Que fazer? Não se podia desperdiçar o trabalho já efetuado e muito menos a congregação de muitas pessoas em torno desse projeto. O que era necessário era dar alento a essa movimentação com um novo projeto, porventura mais ambicioso.

É assim que, com base nessa experiência, nascem as Comunidades Abril. Comunidades porque entendemos que, na importância que cada vez mais têm os movimentos sociais, os mais sólidos são os que se baseiam na raiz comunitária, agregadora nas mais profundas afinidades: no trabalho, no bairro, nas coletividades profissionais, culturais e de lazeres. Abril porque, sem saudosismos ineficazes, entendemos que muitas das portas que Abril abriu se fecharam e é necessário escancará-las.

Com a expansão dos objetivos, vem a expansão da participação. Já não se trata só de pessoas com condições para promover um novo órgão de comunicação social; muito mais gente se pode interessar por esta nova ação de reflexão e intervenção política e cívica e contamos consigo, leitor que se está a interessar pela leitura deste texto.

Aprendemos com a pandemia uma nova forma de trabalho, essencialmente em linha. Vamos mantê-la, com todas as vantagens de facilitação da participação, de superação das distâncias geográficas – chegámos ao Brasil em algumas iniciativas – sem prejuízo de iniciativas presenciais porque o cara-a-cara também é afetivamente importante e o afeto é um fator de coesão colaborativa.

Os nós desta rede são autónomos e a coordenação central é só técnica e garante da eficácia e da facultação de meios técnicos. As iniciativas são livres mas, para maior clareza das ideias e ação, recomendamos a centragem nos cinco pilares acima enunciados. Respeita-se a autonomia de cada um e de cada grupo, alicerçada na confiança inter-pares e na justeza dos objectivos. Uma vez definidos coletiva e democraticamente os objectivos e o plano de uma iniciativa, fica nas mãos de cada um não só realizar as suas tarefas, mas extravasar o círculo dos que pensam como nós, tornar-se pólo de atracção da nossa causa para outros.

Preocupados com a melancolia da nossa vida política e cívica e com o imediatismo e superficialidade da discussão política, visamos ter iniciativas e estabelecer ligações que promovam a resolução de problemas comunitários em ambiente de crítica e aliando a reflexão à ação.

A avaliação das ideias a pôr em prática é medida pelo grau em que se embeberem nas aspirações gerais do tempo presente. Daí decorre que qualquer iniciativa terá de incentivar as pessoas a encontrarem formas adequadas para participarem na vida cívica nacional, a instruírem-se de moto próprio e a agirem como cidadãos empenhados e parte ativa do seu povo. 

Julgamos que há um divórcio preocupante entre a sociedade política e a sociedade civil. Afirmamos que os partidos de esquerda têm um papel fundamental na nossa ordem política; em nada os queremos diminuir e tudo faremos para uma boa colaboração, mas não é esse o nosso terreno. Mas preocupa-nos a fragmentação ineficaz das movimentações na sociedade civil, dispersas em múltiplas associações, grupos e iniciativas pontuais. Sentimos ser nossa obrigação e responsabilidade contribuir para a sua confluência e não pouparemos esforços para isto. Procuramos adesões individuais a este nosso novo movimento, mas é essencial promover a unidade com outros congéneres, numa ação comum para vencer a apatia e a indiferença  crescente, que  paralisam muitos cidadãos.

José Teixeira de Aguilar
António Moitinho de Almeida
Nuno Anselmo
Carlos Carrasco
Carlos Almada Contreiras
João Vasconcelos Costa
José Nunes Curado
Lúcia Faria
José Baganha Fernandes
Carlos Fidalgo
António Delgado da Fonseca
Aida Garcia
Gonçalo Cotta Guerra
Manuel Martins Guerreiro
Júlio Soares Lopes
António Almeida Moura
José Ferraz Nunes
Domingos Nunes Pereira
Filomena Pereira
António Possidónio Roberto
Manuel Rodrigues
Fernando Caldeira Santos
Alcindo Ferreira da Silva
José Aires da Silva
Vitor Coelho da Silva
Guilherme Fonseca Statter
Mário Simões Teles
João Menino Vargas